sexta-feira, 29 de julho de 2011

Eu sei, mas não devia



Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.


A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto. 

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.


by Marina Colasanti

terça-feira, 26 de julho de 2011

À alguém especial



Tua amizade, teu carinho
Me fazem esquecer as pedras no caminho
Suas palavras me fazem voar
E ver o que de mais bonito há


Você é o anjo que Deus mandou
Para me alegrar, consolar e ensinar
Um coração puro e sincero como o seu
É quase impossível de achar


Oro a Deus para que te conserve assim
Hoje, sempre, até o fim


Jeito de menino, mas mais maduro que muitos homens
Com um sorriso sempre à mostra
Conquistando todos à sua volta


Uma amizade assim eu quero levar para a eternidade
Pois pessoas como você são uma raridade


Em seu olhar vejo ternura
Em seus gestos, doçura
E com o seu dizer 
Lembro - me que após a noite vem o amanhecer
Basta crer


Me sinto melhor ao conversar com você
Vejo o que antes não conseguia nem perceber
Tudo isso devo a você, meu amigo
Um amigo que para sempre eu quero ter.

by Neliane Viana

quinta-feira, 21 de julho de 2011

O incompreensível



Não é loucura
Não é coisa de cabeça infantil
Não é capricho
Muito menos um desejo vil
É tão difícil entender,
Que apenas não deu pra esquecer?

É insano manter algo assim?
Sim, e daí?
Infelizmente, não é tão fácil se eximir

Ainda há solução?
Tem que haver, pois não se quer mais viver assim
Não
Manter o que não deve ser mantido
Sentir o que jamais deveria ter existido
É tortura, loucura
Procurar o que nunca será achado
Buscar o que já foi apagado
Viver assim nesse constante estado
Está tudo errado

Mas quem disse que seria fácil?
Coisas assim não estão no entendimento
A lógica não soluciona
E a razão se questiona

Eles não entendem, eu não entendo
Apenas vivo e espero
Sempre esperarei
Até o dia em que, finalmente, compreenderei.

by Neliane Viana

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Coração misterioso


"Como águas profundas, são os propósitos do coração do homem, mas o homem de inteligência sabe descobri - los". Prov. 20:5

O coração do homem é enganoso, já dizia Jeremias. Ninguém sabe o que se passa no coração de ninguém e às vezes, nem nós mesmos conseguimos nos compreender, não conseguimos entender o que se passa dentro da gente. Tomamos decisões, fazemos escolhas das quais não temos certeza. Escolhas que depois nos arrependemos, pois na verdade, achávamos ser o certo, mas no final descobrimos que não era isso realmente o que queríamos. E aí vem as más consequências.
O ser humano é complexo demais e nem sempre consegue se entender. Anda confuso e ansioso com o dia de amanhã. Toma decisões precipitadas acreditando ser essa a vontade de seu coração e a vontade de Deus também. Mas "enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?" Jer. 17:9. 
É por isso que não entendemos quando alguém, aparentemente, normal, equilibrado e com princípios, simplesmente se comporta de uma maneira completamente errada e anormal. A verdade é que só Deus conhece o nosso coração, somente Ele pode nos auxiliar, desvendar os propósitos dos nossos corações e com a Sua ajuda teremos sabedoria e inteligência para fazer o mesmo. 
"Enganoso e incompreensível é o coração humano. Sua tendência é o mal". Mas Deus nos promete algo: "Dar - lhe - eis um só coração, espírito novo porei dentro deles; tirarei da sua carne o coração de pedra e lhes darei coração de carne para que andem nos Meus estatutos, e guardem os Meus juízos, e os executem;  eles serão o Meu povo, e Eu serei o seu Deus". Ezeq. 11: 19 e 20.
Quando buscamos a palavra de Deus, ele nos dá sabedoria para descobrir o propósitos do nosso misterioso coração. E assim, várias coisas que não entendemos da nossa própria incoerência, passa a ter sentido e a gente se dá conta da necessidade que temos de um Deus para nos orientar a todo instante e nos amparar, fazendo milagres em nossas vidas.

by Neliane Viana

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Vilões da vida real



Quanto mais eu vivo, mais eu tenho a certeza de que meu lugar não é aqui. Estou cansada desse mundo cheio de pessoas más, desrespeitosas, insensíveis, ardilosas e mentirosas. Pessoas que fazem de tudo para enganar, que não se importam com o outro. Não adianta, não consigo me acostumar, me adaptar ou apenas aceitar.
Pode parecer ingênuo ou até infantil, mas para mim, Flora's, Léo's e Clara's só existiam nas novelas da globo. Não tinha idéia de que todos esses personagens existem na vida real e muito menos que eu esbarraria com eles nessa loucura que é a vida. 
Já encontrei alguns deles e, é claro, caí em suas mentiras e armadilhas. Sofri, chorei e me perguntei o porquê. Nada tinha feito para merecer isso. Nunca fui de enganar, manipular ou de "sacanear" ninguém. Acredito que justamente por isso fui pega desprevenida. Por que isso aconteceu? Ainda não sei ao certo. Mas de uma coisa eu tenho certeza: Deus está no controle e se Ele permitiu, alguma lição Ele quis me ensinar, algum propósito existe. 
Cada decepção torna - me mais forte e um pouco mais atenta às armadilhas da vida. Deus nunca esquece de Seus filhos, Ele está comigo, eu sei e não há nada nesse mundo que conseguirá me derrubar. O que eu almejo é muito maior que tudo isso. Coisas efêmeras que morrem aqui não têm o menor valor, não devem me afligir. Quanto aos vilões que já passaram pelo meu caminho, eu só tenho a lamentar e ter até compaixão, pois tudo que a gente faz, a gente um dia paga.
Deus não é um Deus de vingança, mas Ele permite que as consequências das nossas más ações cheguem até nós. E ai daquele que faz mal a um filho do Deus altíssimo.
Hoje, eu tenho certeza, Deus só me protege e me livra daquilo que não presta. Sempre foi assim e, com certeza, sempre será. E não há vilão que Deus não possa derrotar e me livrar. "Se Deus é por nós, quem será contra nós? Ninguém!

by Neliane Viana

domingo, 10 de julho de 2011

Confia nEle



Por vezes, passamos por situações em nossas vidas que nos destroem de tal forma que achamos que Deus esqueceu de nós. Nos perguntamos onde está a maravilhosa graça dAquele que nos salva, conforta e não nos deixa. Pensamos que estamos sozinhos, que nada dá certo. Nosso espírito desfalece e nossa alma insiste em não consolar - se. E então perguntamos: Onde está Deus? Por que Ele permitiu esse sofrimento? Esqueceu Ele de mim? Não! Deus nunca esquece de nenhum de Seus filhos. Ele está do nosso lado o tempo todo, Ele faz maravilhas em nossas vidas. Contudo, quando vem os problemas, esquecemos do que Deus fez e passamos a duvidar do Seu poder. Não sabemos qual o Seu propósito e desanimamos antes mesmo de Deus revelá - lo para nós. Se Cristo permite que algo aconteça em nossas vidas, por pior que pareça, Ele tem algo a nos mostrar ou ensinar. 
Deus nos ama com um amor inigualável e Ele está ansioso em nos abraçar, enxugar as nossas lágrimas e dizer: Calma, filho, eu tenho um sonho muito maior pra você. E não importa o que aconteça, Eu estou aqui do Seu lado. Confia em Mim, Eu nunca Me esqueci de ti.
Com esse Deus, não há nada que possa nos derrubar.

by Neliane Viana

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Nem mais um minuto





Se você gosta de brincar, sai pra lá que hoje estou séria
Hoje eu vi que um dia tem muita valia assim como um segundo
Eu vi que o amanhã está cada vez mais perto, correndo como um louco
E eu não quero perder nem mais um minuto desse dom


O que me faz sorrir não é você
Porque felicidade é eterna
Promessa que me fez reconhecer
Que não adianta viver
Para o que morre aqui


O que passa não merece meu segundo
Principalmente o que quase nunca existiu
Porque o que eu procuro é bem mais profundo
É amor como você nunca viu


É por isso que eu sei
Sou mais forte sozinha
Vou dormir tranquila
Com a paz que eu quis


E as dúvidas se foram
Só me restou meu sorriso
Porque o que eu não quero
Não me faz falta.


by A. H

terça-feira, 5 de julho de 2011

Ser ou não ser de ninguém? Eis a questão da geração tribalista

Na hora de cantar todo mundo enche o peito nas boates, levanta os braços, sorri e dispara: "eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também". No entanto, passado o efeito do uísque com energético e dos beijos descompromissados, os adeptos da geração "tribalista" se dirigem aos consultórios terapêuticos, ou alugam os ouvidos do amigo mais próximo para reclamar de solidão, ausência de interesse das pessoas, descaso e rejeição. A maioria não quer ser de ninguém, mas quer que alguém seja seu.

Beijar na boca é bom? Claro que é! Mas por que reclamam depois? Será que os grupos tribalistas se esqueceram da velha lição ensinada no colégio, de que "toda ação tem uma reação"? Agir como tribalista tem conseqüências, boas e ruins, como tudo na vida. Não dá, infelizmente, para ficar somente com a cereja do bolo - beijar, namorar e não ser de ninguém. Para comer a cereja é preciso comer o bolo todo e nele, os ingredientes vão além do descompromisso, como: não receber o famoso telefonema no dia seguinte, não saber se está namorando mesmo depois de sair um mês com a mesma pessoa, não se importar se o outro estiver beijando outra, etc, etc, etc.

Embora já saibam namorar, "os tribalistas" não namoram. Ficar também é coisa do passado. A palavra de ordem hoje é "namorix". A pessoa pode ter um, dois e até três namorix ao mesmo tempo. Dificilmente está apaixonada por seus namorix, mas gosta da companhia do outro e de cultivar a ilusão de que não está sozinho. Nessa nova modalidade de relacionamento, ninguém pode se queixar de nada. Caso uma das partes se ausente durante uma semana, a outra deve fingir que nada aconteceu - afinal, não estão namorando. Aliás, quando foi que se estabeleceu que namoro é sinônimo de cobrança?

A nova geração prega liberdade, mas acaba tendo visões unilaterais. Assim como só deseja "a cereja do bolo tribal", enxerga apenas o lado negativo das relações mais sólidas. Desconhece a delícia de assistir um filme debaixo das cobertas num dia chuvoso comendo pipoca com chocolate quente, o prazer de ficar junto abraçado e a troca de cumplicidade, carinho e amor. Namorar é algo que vai muito além das cobranças. É cuidar do outro e ser cuidado por ele, é telefonar só para dizer boa noite, ter uma boa companhia para ir ao cinema de mãos dadas, ter alguém para fazer e receber cafuné, um colo para chorar, uma mão para enxugar lágrimas, enfim, é ter alguém para amar.

Já dizia o poeta Carlos Drummond de Andrade que "amar se aprende amando" e se seguirmos seu raciocínio, esbarraremos na lição que nos foi transmitida nas décadas passadas: relação é sinônimo de desilusão. O número avassalador de divórcios nos últimos tempos, só veio confirmar essa tese e aqueles que se divorciaram (pais e mães dos adeptos do tribalismo) vendem (na maioria das vezes) a idéia de que casar é um péssimo negócio e que uma relação sólida é sinônimo de frustrações futuras. Talvez seja por isso que pronunciar a palavra "namoro" traga tanto medo e rejeição. No entanto, vivemos em uma época muito diferente daquela em que nossos pais viveram. Hoje podemos optar com maior liberdade e não somos mais obrigados a "comer sal junto até morrer". Não se trata de responsabilizar pais e mães, ou atribuir um significado latente aos acontecimentos vividos e assimilados na infância, pois somos responsáveis por nossas escolhas, assim como o que fazemos com as lições que nos chegam. A questão não é causal, mas quem sabe correlacional.

Podemos aprender amar se relacionando. Trocando experiências, afetos, conflitos e sensações. Não precisamos amar sob os conceitos que nos foram passados. Somos livres para optar. E ser livre não é beijar na boca e não ser de ninguém. É ter coragem, ser autêntico e se permitir viver um sentimento... É arriscar, pagar para ver e correr atrás da felicidade. É doar e receber, é estar disponível de alma, para que as surpresas da vida possam aparecer. É compartilhar momentos de alegria e buscar tirar proveito até mesmo das coisas ruins.

Ser de todo mundo, não ser de ninguém é o mesmo que não ter ninguém também... É não ser livre para trocar e crescer... É estar fadado ao fracasso emocional e à tão temida solidão.

by Fabrício Ferro

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Pequenas escolhas

Pequenas escolhas que transformam nossas vidas. Virar à esquerda ou seguir em frente; sair hoje ou sair amanhã; ir ou não a um jantar com os amigos; viajar ou não com familiares. São escolhas do nosso cotidiano e as fazemos sem nos darmos conta do quanto elas podem mudar o resto das nossas vidas.
E se você não tivesse ido assistir ao filme com os amigos em que conheceu o amor da sua vida? E se aquela viagem que você não estava nem um pouco a fim de ir mudasse a sua história de uma hora para outra. Se você não tivesse pegado aquele ônibus, talvez não tivesse sido assaltado. Se você virasse à esquerda e não à direita, poderia ter encontrado o emprego que tanto sonhara.
São decisões tão mínimas, tão aparentemente sem importância, mas são essas decisões, essas escolhas que te trouxeram até aqui, que me trouxeram até aqui. Se eu mudasse uma vírgula, talvez não estivesse aqui, nesse momento escrevendo isso. Onde eu estaria? Não sei. Não importa. O que sou é fruto de minhas escolhas, onde estou também. Fruto de cada pequena escolha cotidiana que eu fiz. Se me arrependo? Talvez. Afinal tem coisas que se a gente pudesse voltar no tempo para muda – las, faríamos sem hesitar. Mas será que isso resolveria os nossos problemas, será que teríamos uma vida melhor por isso? Isso nunca saberemos, por isso não cabe lamentar – se, cabe aprender a escolher melhor.
Escolhas, pequenas escolhas que fazem toda diferença; pequenas escolhas que subestimamos; pequenas escolhas que nos trouxeram até aqui. Eu, sentada numa cadeira escrevendo isso para vocês, e vocês aí, onde quer que estejam, lendo e refletindo sobre onde sua próxima escolha poderá te levar.

by Neliane Viana