quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Filme de tribunal brasileiro

Nos Estados Unidos, são comuns as películas cinematográficas sobre temas jurídicos, tais como A firmaO júriO clienteQuestão de honraDoze homens e uma sentença





Por que não há filmes brasileiros de tribunal?
Seguem algumas possíveis explicações:




1. O filme levaria oito horas até esgotar todas as instâncias, recursos, embargos, apelações e agravos.
2. Ninguém acreditaria no Tony Ramos vestido de juiz, com aquela peruca de cachinhos brancos, batendo com um martelinho na mesa e gritando “Ordem no Tribunal! Ordem no Tribunal!”.
3. A cada quinze minutos de filme, o juiz seria promovido, sairia de férias ou desistiria da carreira, sendo substituído por outro (dessa vez o Tarcísio Meira de peruca).
4. A cada trinta minutos, o Judiciário inteiro entraria em greve.
5. Toda a discussão do processo giraria em torno da falta de uma guia de custas ou do significado de uma vírgula numa alínea de um parágrafo de um artigo do Código Penal.
6. As alegações dos advogados seriam recheadas de expressões do tipo outrossimdestarteencômioprolegômenonobres causídicosilustres membros desta casa do saber jurídico etc.
7. Os juízes dormiriam ou conversariam entre si durante as sustentações orais.
8. E ao final, depois de oito horas de palavrório inútil, o bandido seria inocentado em um Tribunal de Brasília e entraria com uma ação de danos morais contra os seus acusadores.
9. Ney Latorraca ou Marco Nanini fazendo papel de promotor de Justiça seria algo inverossímil.
10. Regina Duarte como testemunha de homicídio, dizendo “Eu tenho medo”, não surtiria mais o efeito dramático exigido pelo filme.


O jornalista Josué Maranhão discorda da lista e acredita que seu criador estava mal informado sobre as calamidades da Justiça brasileira:
·         “Fosse o autor do e-mail um conhecedor, por vivência própria, pelo hábito e obrigação de ‘esfregar a barriga’ em balcão de cartório diariamente, jamais poderia imaginar que o filme teria tão curta duração. No mínimo teria que ser algo como as mais famosas novelas da televisão brasileira, que se arrastam durante anos.”
·         “Esqueceu o autor de computar no tempo a ser desperdiçado, os três meses por ano em que os tribunais entram em recesso, sem falar que o processo, até chegar ao julgamento, já mofou durante quatro anos ou mais, no Serviço de Distribuição.”
·         “Também não imaginou que, iniciado o julgamento, após o voto do juiz-relator, um outro juiz pede vista e demora meses, quando não anos, para devolver o processo, de forma que o julgamento possa ter seqüência.”
·         “Além disso, como intercalar no roteiro do filme o período de seis meses em que o juiz pode se afastar, usufruindo a licença-prêmio a que todos eles têm direito após determinado número de anos de serviço?”

“O otimismo do autor extrapola os limites, quando desconhece inteiramente a realidade e cogita de uma greve durando apenas 30 minutos. Esqueceu, certamente, que a última greve dos servidores do judiciário paulista demorou nada menos de noventa dias?”
·         “Deixou, ainda, de considerar que, além da discussão a respeito de guias de custas, algum tribunal, apreciando o processo, haveria de não conhecer do recurso, simplesmente alegando que as cópias anexadas pelo advogado não podem ser consideradas legítimas. Seria necessário que fossem autenticadas por um notário, com pelo menos cinco carimbos e selos.”
Em minha opinião, a principal das dificuldades para os produtores seria definir o nome do filme, pois nenhum outro explicaria tão bem a situação do autor da ação quanto À espera de um milagre.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Pedido ao tempo



Rodolfo Pamplona Filho

Peço ao tempo que passe
para poder te ver de um novo jeito...
Que o tempo voe sem impasse
e te traga de volta ao meu peito...
Anseio  pelo teu encontro,
para finalmente te abraçar
e que possa me entregar...

Espero que o tempo me traga
teus lábios e teus braços...
Que ele nos proporcione
mil beijos e amassos...
E que nos amarremos em um laço,
fruto natural de um amor manso,
a nos garantir um descanso...

E que vivamos todo o tempo
que o próprio tempo nos der
para que nosso sonho, bem lento,
se realize como quiser
porque pior que desistir
é não tentar..
E eu nunca desistirei...

domingo, 27 de novembro de 2011

O meu Deus é maior





O Senhor é a minha luz e a minha salvação
A quem temerei?
Deus está comigo
Não importa o que aconteça
Ele é fiel
Dez podem cair ao meu lado e dez mil a minha direita
Mas eu não serei atingida
Pelo Senhor eu ficarei em pé
Nenhum mal, nenhuma praga
Nem nada nesse mundo me atingirá
Pois o meu Deus é poderoso
Ele é maior do que tudo
E ao meu lado Ele está
Ele é o meu refúgio
É a minha fortaleza
É o Deus em que eu posso confiar
É o meu Deus
Socorro bem presente nas tribulações
O Leão da tribo de Judá, o Todo Poderoso
É o meu Deus
O Deus de Abraão, Isaque e Jacó
O Criador do Universo, o Príncipe da Paz
Nada preciso temer
Porque aos anjos Ele dará ordens para me proteger
Esse é o Deus em que eu creio e confio
Com Ele nada poderá me atingir
Renova minha vida, ó Deus
A minha vida eu te entrego
Me ajuda a confiar
Pois eu sei que Contigo nada poderá me abalar!

by Neliane Viana

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

O insustentável preconceito do ser



Por Rosana Jatobá


Era o admirável mundo novo! Recém-chegada de Salvador, vinha a convite de uma emissora de TV, para a qual já trabalhava como repórter. Solícitos, os colegas da redação paulistana se empenhavam em promover e indicar os melhores programas de lazer e cultura, onde eu abastecia a alma de prazer e o intelecto de novos conhecimentos.
Era o admirável mundo civilizado! Mentes abertas com alto nível de educação formal. No entanto, logo percebi o ruído no discurso:
- Recomendo um passeio pelo nosso "Central Park", disse um repórter. Mas evite ir ao Ibirapuera nos domingos, porque é uma baianada só!
-Então estarei em casa, repliquei ironicamente.
-Ai, desculpa, não quis te ofender. É força de expressão. Tô falando de um tipo de gente.
-A gente que ajudou a construir as ruas e pontes, e a levantar os prédios da capital paulista?
-Sim, quer dizer, não! Me refiro às pessoas mal-educadas, que falam alto e fazem "farofa" no parque.
-Desculpe, mas outro dia vi um paulistano que, silenciosamente, abriu a janela do carro e atirou uma caixa de sapatos.
-Não me leve a mal, não tenho preconceitos contra os baianos. Aliás, adoro a sua terra, seu jeito de falar....
De fato, percebo que não existe a intenção de magoar. São palavras ou expressões que , de tão arraigadas, passam despercebidas, mas carregam o flagelo do preconceito. Preconceito velado, o que é pior, porque não mostra a cara, não se assume como tal. Difícil combater um inimigo disfarçado.
Descobri que no Rio de Janeiro, a pecha recai sobre os "Paraíba", que, aliás, podem ser qualquer nordestino. Com ou sem a "Cabeça chata", outra denominação usada no Sudeste para quem nasce no Nordeste.
Na Bahia, a herança escravocrata até hoje reproduz gestos e palavras que segregam. Já testemunhei pessoas esfregando o dedo indicador no braço, para se referir a um negro, como se a cor do sujeito explicasse uma atitude censurável.
Numa das conversas que tive com a jornalista Miriam Leitão, ela comentava:
-O Brasil gosta de se imaginar como uma democracia racial, mas isso é uma ilusão. Nós temos uma marcha de carnaval, feita há 40 anos, cantada até hoje. E ela é terrível. Os brancos nunca pensam no que estão cantando. A letra diz o seguinte:
"O teu cabelo não nega, mulata
Porque és mulata na cor
Mas como a cor não pega, mulata
Mulata, quero o teu amor".
"É ofensivo", diz Miriam. Como a cor de alguém poderia contaminar, como se fosse doença? E as pessoas nunca percebem.
A expressão "pé na cozinha", para designar a ascendência africana, é a mais comum de todas, e também dita sem o menor constragimento. É o retorno à mentalidade escravocrata, reproduzindo as mazelas da senzala.
O cronista Rubem Alves publicou esta semana na Folha de São Paulo um artigo no qual ressalta:
"Palavras não são inocentes, elas são armas que os poderosos usam para ferir e dominar os fracos. Os brancos norte-americanos inventaram a palavra 'niger' para humilhar os negros. Criaram uma brincadeira que tinha um versinho assim:
'Eeny, meeny, miny, moe, catch a niger by the toe'...que quer dizer, agarre um crioulo pelo dedão do pé (aqui no Brasil, quando se quer diminuir um negro, usa-se a palavra crioulo).
Em denúncia a esse uso ofensivo da palavra , os negros cunharam o slogan 'black is beautiful'. Daí surgiu a linguagem politicamente correta. A regra fundamental dessa linguagem é nunca usar uma palavra que humilhe, discrimine ou zombe de alguém".
Será que na era Obama vão inventar "Pé na Presidência", para se referir aos negros e mulatos americanos de hoje?
A origem social é outro fator que gera comentários tidos como "inofensivos" , mas cruéis. A Nação que deveria se orgulhar de sua mobilidade social, é a mesma que o picha o próprio Presidente de torneiro mecânico, semi-analfabeto. Com relação aos empregados domésticos, já cheguei a ouvir:
- A minha "criadagem" não entra pelo elevador social !
E a complacência com relação aos chamamentos, insultos, por vezes humilhantes, dirigidos aos homossexuais ? Os termos bicha, bichona, frutinha, biba, "viado", maricona, boiola e uma infinidade de apelidos, despertam risadas. Quem se importa com o potencial ofensivo?
Mulher é rainha no dia oito de março. Quando se atreve a encarar o trânsito, e desagrada o código masculino, ouve frequentemente:
- Só podia ser mulher! Ei, dona Maria, seu lugar é no tanque!
Dependendo do tom do cabelo, demonstrações de desinformação ou falta de inteligência, são imediatamente imputadas a um certo tipo feminino:
-Só podia ser loira!
Se a forma de administrar o próprio dinheiro é poupar muito e gastar pouco:
- Só podia ser judeu!
A mesma superficialidade em abordar as características de um povo se aplica aos árabes. Aqui, todos eles viram turcos. Quem acumula quilos extras é motivo de chacota do tipo: rolha de poço, polpeta, almôndega, baleia ...
Gosto muito do provérbio bíblico, legado do Cristianismo: "O mal não é o que entra, mas o que sai da boca do homem".
Invoco também a doutrina da Física Quântica, que confere às palavras o poder de ratificar ou transformar a realidade. São partículas de energia tecendo as teias do comportamento humano.
A liberdade de escolha e a tolerância das diferenças resumem o Princípio da Igualdade, sem o qual nenhuma sociedade pode ser Sustentável.
O preconceito nas entrelinhas é perigoso, porque , em doses homeopáticas, reforça os estigmas e aprofunda os abismos entre os cidadãos. Revela a ignorancia e alimenta o monstro da maldade.
Até que um dia um trabalhador perde o emprego, se torna um alcóolatra, passa a viver nas ruas e amanhece carbonizado:
-Só podia ser mendigo!
No outro dia, o motim toma conta da prisão, a polícia invade, mata 111 detentos, e nem a canção do Caetano Veloso é capaz de comover:
-Só podia ser bandido!
Somos nós os responsáveis pela construção do ideal de civilidade aqui em São Paulo, no Rio, na Bahia, em qualquer lugar do mundo. É a consciência do valor de cada pessoa que eleva a raça humana e aflora o que temos de melhor para dizer uns aos outros.
PS: Fui ao Ibirapuera num domingo e encontrei vários conterrâneos.

 - Rosana Jatobá - jornalista, graduada em Direito e Jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, e mestranda em gestão e tecnologias ambientais da Universidade de São Paulo.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Ele me deu você



Um dia eu pedi à Deus
Que colocasse alguém em meu caminho
Alguém especial
Alguém com quem eu pudesse contar

Alguém por quem eu pudesse me apaixonar
E Ele me deu você
Um ser mais que especial
Alguém que em minha vida presente está

Nem a distância consegue nos separar
É alguém que Deus colocou em minha vida
Alguém que do lado eu quero sempre estar

As melhores horas do meu dia
São aquelas em que estou em sua companhia
Acordo e durmo pensando em você
Conto os dias pra poder te ver

Quero viver o hoje, o agora
Aproveitar você a cada hora
Porque eu pedi
E Deus me deu você.

by Neliane Viana - 25 de outubro de 2011

É preciso encontrar o que você ama



Discurso de Steve Jobs na Universidade Stanford


"Estou honrado por estar aqui com vocês em sua formatura por uma das melhores universidades do mundo. Eu mesmo não concluí a faculdade. Para ser franco, jamais havia estado tão perto de uma formatura, até hoje. Pretendo lhes contar três histórias sobre a minha vida, agora. Só isso. Nada demais. Apenas três histórias. 
A primeira é sobre ligar os pontos. 
Eu larguei o Reed College depois de um semestre, mas continuei assistindo a algumas aulas por mais 18 meses, antes de desistir de vez. Por que eu desisti? 
Tudo começou antes de eu nascer. Minha mãe biológica era jovem e não era casada; estava fazendo o doutorado, e decidiu que me ofereceria para adoção. Ela estava determinada a encontrar pais adotivos que tivessem educação superior, e por isso, quando nasci, as coisas estavam armadas de forma a que eu fosse adotado por um advogado e sua mulher. Mas eles terminaram por decidir que preferiam uma menina. Assim, meus pais, que estavam em uma lista de espera, receberam um telefonema em plena madrugada ¿"temos um menino inesperado aqui; vocês o querem?" Os dois responderam "claro que sim". Minha mãe biológica descobriu mais tarde que minha mãe adotiva não tinha diploma universitário e que meu pai nem mesmo tinha diploma de segundo grau. Por isso, se recusou a assinar o documento final de adoção durante alguns meses, e só mudou de idéia quando eles prometeram que eu faria um curso superior. 
Assim, 17 anos mais tarde, foi o que fiz. Mas ingenuamente escolhi uma faculdade quase tão cara quanto Stanford, e por isso todas as economias dos meus pais, que não eram ricos, foram gastas para pagar meus estudos. Passados seis meses, eu não via valor em nada do que aprendia. Não sabia o que queria fazer da minha vida e não entendia como uma faculdade poderia me ajudar quanto a isso. E lá estava eu, gastando as economias de uma vida inteira. Por isso decidi desistir, confiando em que as coisas se ajeitariam. Admito que fiquei assustado, mas em retrospecto foi uma de minhas melhores decisões. Bastou largar o curso para que eu parasse de assistir às aulas chatas e só assistisse às que me interessavam. 
Nem tudo era romântico. Eu não era aluno, e portanto não tinha quarto; dormia no chão dos quartos dos colegas; vendia garrafas vazias de refrigerante para conseguir dinheiro; e caminhava 11 quilômetros a cada noite de domingo porque um templo Hare Krishna oferecia uma refeição gratuita. Eu adorava minha vida, então. E boa parte daquilo em que tropecei seguindo minha curiosidade e intuição se provou valioso mais tarde. Vou oferecer um exemplo. 
Na época, o Reed College talvez tivesse o melhor curso de caligrafia do país. Todos os cartazes e etiquetas do campus eram escritos em letra belíssima. Porque eu não tinha de assistir às aulas normais, decidi aprender caligrafia. Aprendi sobre tipos com e sem serifa, sobre as variações no espaço entre diferentes combinação de letras, sobre as características que definem a qualidade de uma tipografia. Era belo, histórico e sutilmente artístico de uma maneira inacessível à ciência. Fiquei fascinado. 
Mas não havia nem esperança de aplicar aquilo em minha vida. No entanto, dez anos mais tarde, quando estávamos projetando o primeiro Macintosh, me lembrei de tudo aquilo. E o projeto do Mac incluía esse aprendizado. Foi o primeiro computador com uma bela tipografia. Sem aquele curso, o Mac não teria múltiplas fontes. E, porque o Windows era só uma cópia do Mac, talvez nenhum computador viesse a oferecê-las, sem aquele curso. É claro que conectar os pontos era impossível, na minha era de faculdade. Mas em retrospecto, dez anos mais tarde, tudo ficava bem claro. 
Repito: os pontos só se conectam em retrospecto. Por isso, é preciso confiar em que estarão conectados, no futuro. É preciso confiar em algo - seu instinto, o destino, o karma. Não importa. Essa abordagem jamais me decepcionou, e mudou minha vida. 
A segunda história é sobre amor e perda. 
Tive sorte. Descobri o que amava bem cedo na vida. Woz e eu criamos a Apple na garagem dos meus pais quando eu tinha 20 anos. Trabalhávamos muito, e em dez anos a empresa tinha crescido de duas pessoas e uma garagem a quatro mil pessoas e US$ 2 bilhões. Havíamos lançado nossa melhor criação - o Macintosh - um ano antes, e eu mal completara 30 anos. 
Foi então que terminei despedido. Como alguém pode ser despedido da empresa que criou? Bem, à medida que a empresa crescia contratamos alguém supostamente muito talentoso para dirigir a Apple comigo, e por um ano as coisas foram bem. Mas nossas visões sobre o futuro começaram a divergir, e terminamos rompendo - mas o conselho ficou com ele. Por isso, aos 30 anos, eu estava desempregado. E de modo muito público. O foco de minha vida adulta havia desaparecido, e a dor foi devastadora. 
Por alguns meses, eu não sabia o que fazer. Sentia que havia desapontado a geração anterior de empresários, derrubado o bastão que havia recebido. Desculpei-me diante de pessoas como David Packard e Rob Noyce. Meu fracasso foi muito divulgado, e pensei em sair do Vale do Silício. Mas logo percebi que eu amava o que fazia. O que acontecera na Apple não mudou esse amor. Apesar da rejeição, o amor permanecia, e por isso decidi recomeçar. 
Não percebi, na época, mas ser demitido da Apple foi a melhor coisa que poderia ter acontecido. O peso do sucesso foi substituído pela leveza do recomeço. Isso me libertou para um dos mais criativos períodos de minha vida. 
Nos cinco anos seguintes, criei duas empresas, a NeXT e a Pixar, e me apaixonei por uma pessoa maravilhosa, que veio a ser minha mulher. A Pixar criou o primeiro filme animado por computador, Toy Story, e é hoje o estúdio de animação mais bem sucedido do mundo. E, estranhamente, a Apple comprou a NeXT, eu voltei à empresa e a tecnologia desenvolvida na NeXT é o cerne do atual renascimento da Apple. E eu e Laurene temos uma família maravilhosa. 
Estou certo de que nada disso teria acontecido sem a demissão. O sabor do remédio era amargo, mas creio que o paciente precisava dele. Quando a vida jogar pedras, não se deixem abalar. Estou certo de que meu amor pelo que fazia é que me manteve ativo. É preciso encontrar aquilo que vocês amam - e isso se aplica ao trabalho tanto quanto à vida afetiva. Seu trabalho terá parte importante em sua vida, e a única maneira de sentir satisfação completa é amar o que vocês fazem. Caso ainda não tenham encontrado, continuem procurando. Não se acomodem. Como é comum nos assuntos do coração, quando encontrarem, vocês saberão. Tudo vai melhorar, com o tempo. Continuem procurando. Não se acomodem. 
Minha terceira história é sobre morte. 
Quando eu tinha 17 anos, li uma citação que dizia algo como "se você viver cada dia como se fosse o último, um dia terá razão". Isso me impressionou, e nos 33 anos transcorridos sempre me olho no espelho pela manhã e pergunto, se hoje fosse o último dia de minha vida, eu desejaria mesmo estar fazendo o que faço? E se a resposta for "não" por muitos dias consecutivos, é preciso mudar alguma coisa. 
Lembrar de que em breve estarei morto é a melhor ferramenta que encontrei para me ajudar a fazer as grandes escolhas da vida. Porque quase tudo - expectativas externas, orgulho, medo do fracasso - desaparece diante da morte, que só deixa aquilo que é importante. Lembrar de que você vai morrer é a melhor maneira que conheço de evitar armadilha de temer por aquilo que temos a perder. Não há motivo para não fazer o que dita o coração. 
Cerca de um ano atrás, um exame revelou que eu tinha câncer. Uma ressonância às 7h30min mostrou claramente um tumor no meu pâncreas - e eu nem sabia o que era um pâncreas. Os médicos me disseram que era uma forma de câncer quase certamente incurável, e que minha expectativa de vida era de três a seis meses. O médico me aconselhou a ir para casa e organizar meus negócios, o que é jargão médico para "prepare-se, você vai morrer".
Significa tentar dizer aos seus filhos em alguns meses tudo que você imaginava que teria anos para lhes ensinar. Significa garantir que tudo esteja organizado para que sua família sofra o mínimo possível. Significa se despedir. 
Eu passei o dia todo vivendo com aquele diagnóstico. Na mesma noite, uma biópsia permitiu a retirada de algumas células do tumor. Eu estava anestesiado, mas minha mulher, que estava lá, contou que quando os médicos viram as células ao microscópio começaram a chorar, porque se tratava de uma forma muito rara de câncer pancreático, tratável por cirurgia. Fiz a cirurgia, e agora estou bem. 
Nunca havia chegado tão perto da morte, e espero que mais algumas décadas passem sem que a situação se repita. Tendo vivido a situação, posso lhes dizer o que direi com um pouco mais de certeza do que quando a morte era um conceito útil mas puramente intelectual. 
Ninguém quer morrer. Mesmo as pessoas que desejam ir para o céu prefeririam não morrer para fazê-lo. Mas a morte é o destino comum a todos. Ninguém conseguiu escapar a ela. E é certo que seja assim, porque a morte talvez seja a maior invenção da vida. É o agente de mudanças da vida. Remove o velho e abre caminho para o novo. Hoje, vocês são o novo, mas com o tempo envelhecerão e serão removidos. Não quero ser dramático, mas é uma verdade. 
O tempo de que vocês dispõem é limitado, e por isso não deveriam desperdiçá-lo vivendo a vida de outra pessoa. Não se deixem aprisionar por dogmas - isso significa viver sob os ditames do pensamento alheio. Não permitam que o ruído das outras vozes supere o sussurro de sua voz interior. E, acima de tudo, tenham a coragem de seguir seu coração e suas intuições, porque eles de alguma maneira já sabem o que vocês realmente desejam se tornar. Tudo mais é secundário. 
Quando eu era jovem, havia uma publicação maravilhosa chamada The Whole Earth Catalog, uma das bíblias de minha geração. Foi criada por um sujeito chamado Stewart Brand, não longe daqui, em Menlo Park, e ele deu vida ao livro com um toque de poesia. Era o final dos anos 60, antes dos computadores pessoais e da editoração eletrônica, e por isso a produção era toda feita com máquinas de escrever, Polaroids e tesouras. Era como um Google em papel, 35 anos antes do Google - um projeto idealista e repleto de ferramentas e idéias magníficas. 
Stewart e sua equipe publicaram diversas edições do The Whole Earth Catalog, e quando a idéia havia esgotado suas possibilidades, lançaram uma edição final. Estávamos na metade dos anos 70, e eu tinha a idade de vocês. Na quarta capa da edição final, havia uma foto de uma estrada rural em uma manhã, o tipo de estrada em que alguém gostaria de pegar carona. Abaixo da foto, estava escrito "Permaneçam famintos. Permaneçam tolos". Era a mensagem de despedida deles. Permaneçam famintos. Permaneçam tolos. Foi o que eu sempre desejei para mim mesmo. E é o que desejo a vocês em sua formatura e em seu novo começo. 
Mantenham-se famintos. Mantenham-se tolos. Muito obrigado a todos."

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Circunstâncias do meu eu



   Circunstâncias, atos, acontecimentos e escolhas que me trouxeram até aqui. Situações essas que me transformaram no que sou hoje. Quem eu sou? Ainda estou à procura do significado dessa pergunta ou, talvez, da resposta para a mesma. Questão complexa essa de auto – definir – se, até mesmo porque somos alvos de constantes mudanças. À todo o tempo,  pequenas situações operam grandes mudanças em nosso ser. Mudanças que talvez não percebamos a curto prazo. Mas que quando olhamos para traz e refletimos não reconhecemos aquela pessoa com a nossa aparência e um pouco mais jovem, é claro. Mesmo aqueles que nunca mudam, mudam, se é que me entendem.
   A mudança nos traz crescimento e nos faz ver o mundo de uma forma diferente. Diversas vezes somos resistentes a ela, mas as circunstâncias da vida nos obrigam, nos empurram para a tão temida mudança. Por que o medo de encará – la? Simples, o que é novo sempre nos dá insegurança, deixa – nos apavorados, pois nos sentimos sem o controle da situação, saímos da nossa zona de conforto para enfrentar o que está além dos nossos precários conhecimentos. Mas a mudança pode ser a solução para muitas questões  da nossa vida, mesmo que essa possa parecer dolorosa, lá na frente percebemos a quantidade de benefícios que adquirimos em razão daquilo que mais temíamos.
   Hoje, eu sou grata pelas circunstâncias que me trouxeram até aqui. Tudo o que fiz, todas as escolhas tomadas por mim e mesmo tomadas por terceiros que contribuíram para que eu me encontrasse nesse ponto da vida. Se eu sou feliz? Sim, não há motivo para não ser. Digo isso porque apesar de não ter tudo o que quero, não julgo a felicidade dessa forma. Afinal, nunca iremos ter tudo o que queremos, senão, não haverá mais motivos para viver. O que motiva a vida é a busca, uma busca que não terminará. E se felicidade fosse ter tudo o que se quer, nenhum ser humano jamais foi feliz.
  Circunstâncias, atos, acontecimentos e escolhas que me trouxeram até aqui. Circunstâncias, atos, acontecimentos e escolhas que me levarão a algum lugar. Onde? Ainda não sei. Apenas quero viver um dia de cada vez e um dia descobrirei até onde isso tudo irá me levar. E seja onde for, tenho certeza que estarei no lugar certo, pois tenho o melhor guia que um ser humano poderia ter na vida: Onipresente, onisciente e onipotente. O nome dEle? Ah, isso vocês já sabem!

by Neliane Viana

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Saudade



                                                                                                         Maria BethâniaSaudade a lua brilha na lagoa
Saudade a luz que sobra da pessoa
Saudade igual farol engana o mar
E imita o sol
Saudade sal e dor que o vento traz

Saudade o som do tempo que ressoa
Saudade o céu cinzento a garoa
Saudade desigual
Nunca termina no final
Saudade eterno filme em cartaz

A casa da saudade é o vazio
O acaso da saudade fogo frio
Quem foge da saudade
Preso por um fio
Se afoga em outras águas
Mas do mesmo rio

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

É isso que pensas?



Menina inconsequente
Impulsiva  e imprudente
É isso que pensas de mim?
Nunca houve motivo para tal conclusão

Birra, ciúmes ou apenas implicância
Não suporto ser tratada como se ainda estivesse na infância
Não estou mais em idade de agir sem pensar
Escolhas têm consequências e estou disposta a suportar

Minha mente não compreende o  porquê disso tudo
Nunca houve razão para esse tumulto
Talvez esteja faltando sinceridade
Uma exposição da real verdade

Eu jamais arriscaria coisas tão importantes
Se fosse um mero capricho mirabolante
Só quero que entenda que cresci
E já sei tomar decisões por mim.

by Neliane Viana

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Verdadeiro prazer





A vida coloca diante de nós atrativos sem fim
Anseios e desejos que nos fazem almejar o que acaba aqui
Vivemos em função do agora, da satisfação imediata do prazer
E não nos preocupamos em conhecer a verdadeira fonte de alegria
Nos contentamos com tão pouco
E desprezamos um céu preparado especialmente para cada um de nós


Vãs diversões e aparentes prazeres que só levam a destruição
Nos fazem perder de vista a graça da salvação
Ludibriam a nossa mente e enganam o coração
Prazer de verdade está em Cristo Jesus, não há outra opção


Uma vida eterna o Senhor está a te oferecer
Vida repleta. Sem dor, sem sofrimento, apenas felicidade
A finitude de nossa mente nem nos permite imaginar algo assim
Mas é isso mesmo que Cristo nos promete
Uma vida que parece um sonho
Um sonho que jamais terá fim


Nada nessa Terra se compara a essa nova vida
E não há coisa alguma que o mundo ofereça 
A qual me faça querer desistir
Daquilo que Deus preparou para mim.


by Neliane Viana

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Não compreendes ainda?



Ele andou por sobre o mar
Fez o cego enxergar e o mudo falar
Trouxe à vida aquele que se encontrava em sono profundo
Criou em seis dias o mundo
São tantos os milagres, é tão imenso o Seu poder
E ainda assim, você insiste em não crer


Não compreendes ainda que Cristo tudo pode fazer?
O que queres que Ele faças para que possas ver?
Ele fez o céu, a Terra e tudo que nela há
Deu a vida a você, como não acreditar?


O singelo perfume de uma flor já reflete o poder do Criador
Mas você pede sinais
Quer que o mar se abra à sua frente
E que o morto seja ressuscitado
Não basta que tenha acontecido no passado
Para crer, você necessita ver


Não compreendes ainda que Cristo é o Criador do Universo?
Que Seu poder é infinito e que Ele está disposto a fazer tudo por você?
Não espere ver para crer
Pois Deus só está esperando o seu pedido com fé
Para o seu milagre lhe conceder.

by Neliane Viana

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Nada se compara



Nada se compara ao amor de Deus
Nada se compara ao Seu cuidado por mim
Ainda que uma mãe se esqueça de seu filho
Deus jamais me esquecerá
E é por isso que a nada eu posso o Seu amor comparar


Nem mesmo a imensidão do céu ou as profundezas do mar
Podem expressar quão grande é esse amor
Amor estampado na cruz do calvário
E no seu cuidado diário
Amor maior que esse não há


Nada se compara ao momento em que ouço Deus falar
Nada se compara ao abraço que Ele sempre me dá
Nada se compara aos Seus milagres em minha vida
Tudo isso porque Ele me ama e tudo faz pra me salvar
Esse é o Deus ao qual eu sempre irei adorar.

by Neliane Viana

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Refém



Olhar em teus olhos
Sentir o teu abraço
Ter – te ao meu lado
Não há nada comparado

Quero – te aqui comigo
É tudo que almejo, pois é disso que preciso
Você me faz tão bem
Mas a sua falta me faz refém
É uma saudade que nunca pensei sentir por alguém

Os momentos passados juntos repetem – se na memória
Cada minuto ao seu lado está marcado em minha história
O meu pensamento se liga em você
E não há nada que me faça esquecer

Como isso pôde acontecer?
São as voltas que a vida dá
Quem poderia imaginar?
Que, um dia, ter você seria o que mais almejaria o meu ser.

by Neliane Viana

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Definições




Saudade é quando o momento tenta fugir da lembrança para acontecer de novo e não consegue.

Lembrança é quando, mesmo sem autorização, seu pensamento reapresenta 
um capítulo.

Angústia é um nó muito apertado bem no meio do sossego.

Preocupação é uma cola que não deixa o que ainda não aconteceu sair de seu pensamento.

Indecisão é quando você sabe muito bem o que quer, mas acha que devia querer outra coisa. 

Certeza é quando a idéia cansa de procurar e pára. 

Intuição é quando seu coração dá um pulinho no futuro e volta rápido. 

Pressentimento é quando passa em você o trailer de um filme que pode ser que nem exista. 

Vergonha é um pano preto que você quer pra se cobrir naquela hora. 

Ansiedade é quando sempre faltam muitos minutos para o que quer que seja. 

Interesse é um ponto de exclamação ou de interrogação no final do sentimento.

Sentimento é a língua que o coração usa quando precisa mandar algum recado. 

Raiva é quando o cachorro que mora em você mostra os dentes. 

Tristeza é uma mão gigante que aperta seu coração. 

Felicidade é um agora que não tem pressa nenhuma. 

Amizade é quando você não faz questão de você e se empresta pros outros. 

Culpa é quando você cisma que podia ter feito diferente mas, geralmente, não podia. 

Lucidez é um acesso de loucura ao contrário. 

Razão é quando o cuidado aproveita que a emoção está dormindo e assume o mandato. 

Vontade é um desejo que cisma que você é a casa dele. 

Paixão é quando apesar da palavra ¨perigo¨ o desejo chega e entra. 

Amor é quando a paixão não tem outro compromisso marcado. 
Não... Amor é um exagero... também não.
Um dilúvio, um mundaréu, uma insanidade, um destempero, um despropósito, um descontrole, uma necessidade, um desapego?

Talvez porque não tenha sentido, talvez porque não tenha explicação, 
Esse negócio de amor, não sei explicar.


by Adriana Falcão

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Preconceito





                                                                                                 Por Gabriel Cayres


Conheço gays que não gostam de boates,
tatuados que não curtem barzinhos,
fumantes que não vão ao cinema,
bebedores de cerveja que não fumam,
fumantes que não bebem,
e até nerds que não vão à praia.

Todos tem pensamento próprio.
Menos eu.
Porque sou crente.
Todos pensam inteligentemente.
Menos eu.
Porque sou crente.

Pra todos sou fanático religioso
por não querer ir ao barzinho,
por não gostar de uma boate,
por não sentir vontade alguma
de fumar ou de beber.
Pensam que Jesus me aprisiona
numa vida insossa, sem prazer,
que morro de vontade, mas não faço
mesmo querendo fazer.

Mas eu não vou por que não quero!
Sabe o que Deus me deu?

Sabedoria pra escolher,
força para não ser escravo
dos mesmos vícios de vocês,
liberdade pra fazer o que quiser...
E que bom que não quero
o teu querer autodestrutivo,
criador de males e arrependimentos,
profanador do bem-estar do dia-seguinte,
que te atormenta com enjoo e ressaca.

Sou eu o fanático?
Ou você, escravo de si mesmo?


"O escravo do prazer acredita que todos que não fazem o que ele faz são aprisionados. Olha tanto para os outros, querendo difamá-los, que não percebe que as cadeias estão em seus próprios braços."

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Confusa




Em meu pensamento está
É algo que não consigo evitar
Aconteceu
Quem poderia imaginar?

Não sei o que pensar
Nem como me portar
Há o medo
Medo de me decepcionar

Situações deixaram – me receosa
Apostar nem sempre é a melhor resposta
Mas não tentar também pode não ser o melhor a fazer
Pois o que poderia ser perfeito, pode se perder

Dúvidas rodeiam o pensamento
E a cada dia encontro – me mais confusa
Não sei o que pensar
Pois as ações deixam a desejar

Por fim, resta – me esperar
E torcer
Para que tudo se encaixe
Em seu devido lugar

by Neliane Viana

Sonho com o dia





Sonho com o dia em que dor não mais haverá
O dia em que com meu Jesus irei morar
Sonho ver a Cristo e com parentes e amigos O adorar
Quero conversar com Moisés, José e com os anjos louvar
Esse sonho não tardará em se realizar
Pois muito em breve o meu Jesus irá voltar


Nas nuvens Ele descerá
E me levará ao meu novo lar
Lá caminharei com Cristo
E em seu braço irei repousar


Não mais morte nem mais dor
Somente alegria, paz e amor
Comerei da árvore da vida e sentarei aos pés do meu Salvador
Tocarei em Suas mãos e verei as marcas do Seu grande favor
Será um grande dia, haverá celebração
E a Terra em coro lhe renderá adoração.

by Neliane Viana