segunda-feira, 23 de abril de 2012

A Fúria mais fatal e mais medonha







Das Fúrias infernais foi sempre a Inveja 
No mundo a mais fatal e a mais medonha, 
Pois faz dos bens dos outros a peçonha 
Com que a si mesma se envenena e peja. 

Com ira e com furor, raivosa, arqueja, 
Com vinganças, traições, com ódios sonha. 
Onde quer que se encoste e os olhos ponha, 
Tragar as ditas dos mortais deseja. 

Mãe dos males fatais à Sociedade, 
Vidas, honras destrói, cismas fomenta, 
Nutrindo n'alma as serpes da Maldade. 

O próprio coração que come a alenta, 
Vive afogada em ondas de ansiedade, 
Da frenética raiva se alimenta. 

Francisco Joaquim Bingre, in 'Sonetos'